De repente o céu cai na sua cabeça
A leitura de clássicos de história como as “Aventuras de Asterix” ensina muito sobre nosso passado, nossos antepassados e também nos permite projetar como será o futuro, ou como pode ser o presente, pouco antes de ser presente, quando ainda era futuro, fora do nosso alcance.
“As Aventuras de Asterix” são uma trilha fácil de seguir no sentido de entender a vida de comunidades antigas e compreender seus medos, sonhos, crenças e desafios. Por exemplo, o único medo concreto de um gaulês era que o céu caísse na sua cabeça. Isso mesmo! Que o céu caísse na sua cabeça, despencando com todas as suas estrelas, sol, lua e planetas em cima de você, com a força e o peso de mil furacões, varrendo e esmagando o que encontram pela frente.
A grande discussão filosófica que decorre do medo gaulês é se é um medo justificável ou se é uma hipótese altamente improvável, porque impossível é um termo definitivo demais e pode ser que o impossível não exista, que, de repente, o que se dava por certo se mostre errado, com todas as consequências daí advindas.
Para mim, os gauleses estavam certos. Não há como não ter medo de que o céu caia sobre a nossa cabeça, em sentido literal e figurado. E o risco é ainda maior nos dias atuais, quando um pedaço de satélite pode despencar do espaço e atingir sua casa ou coisa pior.
Você vai pela rua e, de repente, o céu cai sobre sua cabeça. Acontece das formas mais improváveis, mas acontece, com a certeza do dia seguindo a noite e a noite seguindo o dia.
Pode ser uma notícia ruim, uma doença séria, um acidente de bicicleta, uma tacada errada na bolsa de valores, tanto faz. Sem aviso, o céu despenca na sua cabeça. Não adianta correr, não tem fuga possível. A queda é inevitável. O único jeito é aguentar o coice no peito.
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