Violência do estado
O mundo é um lugar violento. A violência é marca registrada em praticamente todos os países. E ela se apresenta das mais variadas formas: guerras, terrorismo, preconceitos de todos os tipos, bullying e o mais que se pensar capaz de causar dano ao ser humano.
Guerras na Ucrânia e no Oriente Médio já fazem parte da rotina do mundo. Não espantam, não causam surpresa, quase já saíram das manchetes. A rotina cansa e tira o interesse. Por isso, os assassinatos no Brasil também não chamam atenção. Nem os tiroteios nas grandes cidades, os feminicídios ou os assaltos com motocicletas.
Mas a violência vai além. Se materializa nos imigrantes ilegais que morrem afogados tentando cruzar o Mediterrâneo; nos tiroteios em escolas; nos estupros coletivos na Índia; na violência sexual que assola o mundo e atinge milhares de crianças.
A violência segue impune no racismo que se manifesta em e-mails de hotéis recusando hospedes não brancos; nos jogos de futebol; em restaurantes e shoppings centers; nas religiões.
A violência aparece na quantidade de armas vendidas ao redor do mundo, por dentro e por fora; nos fuzis, que com sua sinfonia não deixam as periferias dormirem; nas emboscadas das torcidas dos times de futebol. A violência está em toda parte, cresce e corre solta. E tem espaço nas mídias.
Mas existe uma violência que corre silenciosa, não é falada, não entra nas estatísticas e é a maior responsável por boa parte das outras violências. A violência da omissão do Estado é a mais cruel e a mais letal. Quantos milhares de brasileiros morrem porque o Estado não está presente, não oferece saúde, educação, assistência social, saneamento básico, moradia e segurança pública? Pois é… o buraco é mais embaixo.
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