A foto é ótima, o filme é ruim
Outro dia escutei do professor José Pastore que a foto é ótima, mas o filme é ruim. Não, ele não estava falando do cartaz de propaganda do novo filme dos Estúdios de Cinema de Santo Antão da Pedra Grande. Ele falava do seriado diário produzido pelos Estúdios Nacionais, com locações no Congresso, nos Palácios da Alvorada e do Planalto, Ministérios e Tribunais Superiores.
Filmado em Super HD4K, com recursos de sexta geração, o seriado é fantástico e ganha prêmios importantes pelo seu realismo mágico, capaz de dar ao brasileiro a sensação de estar dentro da trama, vivendo aventuras inacreditáveis, geradas pelos laboratórios 3D das escolas particulares.
Como todo seriado de suspense, este tem cenas fortes, romantismo, ilusão, um mocinho bobo, que demora para perceber o que está acontecendo, num enredo parecido com o Baile da Ilha Fiscal, que terminou com um final inusitado e a família imperial partindo para o exílio, vítimas do primeiro de uma longa série de golpes militares, que de lá pra cá moldou nossa história, exceto nas últimas quatro décadas.
O interessante é que a foto anunciando o capítulo de hoje é muito boa: inflação controlada, crescimento acima do previsto e desemprego em índices muito baixos.
Seria o paraíso se o diabo não estivesse escondido na barriga da serpente, esperando a maré virar e as coisas saírem dos eixos numa tempestade avassaladora, capaz de produzir um filme cruel, impulsionado pelos motores elétricos que movimentam a diligência dos bandidos e que, por serem silenciosos, não chamam a atenção da plateia, enquanto o governo finge que não é com ele e adia o inadiável em nome da demagogia que tem tudo para arrebentar com o país. Enfim, como aqui é América Latina, não há razão para não copiarmos os “hermanos” socialistas.
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