A foto e o filme
Diz um grande amigo meu, dos maiores especialistas em Brasil, acadêmico reconhecido internacionalmente, que o Brasil de hoje pode ser definido da seguinte forma: “A foto é um sucesso, o filme está ruim.”
Traduzindo: o curto prazo mostra uma realidade muito boa. O desemprego está em patamar muito baixo, a inflação está na meta e o crescimento maior do que o projetado. Este é o cenário atual, mas ele pode não se manter. É aí que o filme começa a mudar de cenário. O céu azul dá lugar a nuvens que, com os dias, vão ficando mais carregadas, mais pesadas, com os trovões se aproximando e a ventania avisando a sua chegada.
O que vem pela frente está à frente e em economia o vento muda mais rapidamente que no Mar do Norte. A tempestade de hoje pode ser o vento alísio de amanhã e, depois, a calmaria do mês que vem.
Entre secos e molhados, onde é que o filme complica? É fácil. O dólar escapou e trazê-lo de volta requer habilidade e competência. Não é para amadores. O Brasil foi feito por profissionais para profissionais. Quem não conhece o jogo e as regras do jogo quebra a cara. Quem acredita em milagres ou que os políticos acreditam em milagres quebra a cara. Aqui, sol pode ser sol, mas chuva não é chuva, ou vice-versa.
Quem não tiver isso claro pode complicar o jogo e quando quem tem que ter as coisas claras enxerga com óculos sujos pode dar besteira. A história é farta de exemplos. O último foi em 2015.
Não adianta fazer graça num jogo em que o negócio é vencer. Não adianta tapar o sol com a peneira. Dólar a seis reais quer dizer alta da inflação, alta dos juros, queda do crescimento, desemprego e o resto que faz uma crise ser uma crise.
Ainda dá para acertar o rumo, mas ou fazem isso logo ou vai ser muito tarde. A tempestade está à logo a frente, não teremos como fugir dela.
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