O verde recupera seus espaços
[Crônica de 15 de dezembro de 2003]
É impressionante, é começar o verão e o verde reocupa seus espaços na cidade. É verdade também que o verde não ocupa áreas imensas, e que São Paulo não é uma Berlim, em termos de áreas verdes.
Pelo contrário, algumas regiões da cidade são absolutamente monótonas, cercadas de cinza por todos os lados, variando apenas o tom da cor. Nesses pedaços o verde é exceção. Alguma árvore desgarrada que esqueceram de cortar, um terreno baldio completamente abandonado, um vaso de flor em alguma janela onde a poesia ainda encontra morada.
Mas existem também as regiões onde o verde ocupa espaço de destaque e onde ele se impõe, alegre e rico, como grande senhor do bom humor, da alegria, da vontade de viver.
É nelas que a chegada do verão se manifesta com mais dramaticidade. O verde encorpa, regado pelas chuvas que molham o solo e toma conta dos espaços em volta, nos galhos que crescem, nos novos botões, nas folhas que retomam os ramos e emprestam seu verde novo em folha para enfeitarem a paisagem.
No chão a grama recupera a cor saudável que substitui o amarelo queimado pelo inverno e pela seca. Como um imenso tapete mágico, ela muda a cara de áreas como o campus da USP, o parque do Ibirapuera, o jardim da Luz e as pequenas praças que ninguém sabe o nome, espalhadas pelos oito cantos da cidade.
E a vida muda de ânimo, as pessoas ficam mais alegres e mais soltas. O Natal entra com suas vibrações positivas, desarmando um bom número de espíritos que passam a guiar com mais cuidado e que chegam a dizer bom dia andando nas ruas.
É bom e é bonito, além de fazer bem para a saúde.
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