Virose na Guarujá

Tem gente que diz que eu sou o último do Guarujá antigo a continuar gostando do Guarujá atual. Pode ser que seja, eu realmente sigo gostando do Guarujá e faz tempo que passo o réveillon lá. Entre secos e molhados, não tem muita variação. À meia noite tem queima de fogos, vamos pra praia para assistir, pula-se sete ondas, joga-se flores para Iemanjá, se faz os pedidos e promessas de praxe evida que segue.

Este ano não foi bem assim. Passei a meia noite do dia 31 na cama, atacado pela virose que vitimou milhares de pessoas e interferiu nos negócios de verão, a grande estação da ilha. Foi um tranco forte. Durou dias e posso garantir: não foi agradável. Todos no apartamento foram afetados, com mais ou menos intensidade. E não fomos a exceção do prédio. A maioria dos apartamentos também foi atingida.

Eu não sei o que causou a virose, mas tenho dúvidas sobre a qualidade da água, até porque um vazamento de esgoto não teria a capacidade de contaminar uma área tão grande como do Guarujá à Praia Grande. Tanto faz, é assim e foi assim.

Em todos os verões, em algum momento, tem uma crise de algum tipo que atinge milhares de pessoas que estão na ilha. Mas, como disse o Antonio, zelador do prédio, foi a primeira vez que chegou sem sequer esperar a virada do ano. Normalmente, a virose chega no meio das férias de janeiro. Em 2024/2025, entrou em cena no Natal e estava correndo solta no réveillon. Foi o presente para limpar corpos e almas e deixar todo mundo pronto para encarar o ano novo limpo por dentro e por fora.

Poderia ser diferente? Poderia, se o Brasil fosse outro país. Como não é, não tinha jeito, era só uma questão de tempo para a vaca ir pro brejo e uma virose chegar com força e estragar o réveillon de muita gente que, logo em seguida, decidiu que era melhor voltar para casa e foi embora.