E a ponte caiu
A ponte que ligava os estados do Tocantins e do Maranhão caiu. Seria péssimo se só o trânsito entre o sul e o norte do país sofresse uma pancada forte, aumentado a distância e complicando a vida de muita gente que depende deste tipo de negócio. Fora os milhares de pessoas que atravessavam a ponte mensalmente que agora não podem mais.
Mas o quadro é muito mais grave. Morreram 17 pessoas que estavam nos veículos em cima da ponte no momento que ela veio abaixo. Acidente? Só se foi um acidente anunciado. Eu chamaria de irresponsabilidade. Irresponsabilidade das autoridades encarregadas da manutenção de pontes, viadutos e estradas espalhadas por este enorme Brasil.
O surpreendente é ter gente que fez cara de espanto. “Como? A ponte caiu? Mas como a ponte caiu?” A ponte caiu porque há muitos anos tinha manutenção malfeita, insuficiente, feita nas coxas, como se um contrato secreto entre Deus e o Governo Federal garantisse que ela nunca cairia.
Só que o contrato não existia e, no mundo real, todos os laudos recentes a respeito das condições da ponte davam conta da precariedade do seu estado, com rachaduras, ranhuras, pedaços de ferro enferrujado, etc, atestando que a coisa era séria.
Durante anos ninguém fez nada. Não se deram ao trabalho de colocar uma placa dizendo: “Ponte em estado precário, atravessar é por sua conta e risco. Nós somos os responsáveis, mas não temos nada com isso. Assinado: DNIT, em nome do Governo Federal Brasileiro”.
Como sempre, logo depois que acontece, o governo dá entrevistas, manda equipes de socorro, faz que está fazendo. Poucos meses depois, ninguém mais fala naquilo, então, para que perder tempo? Deixa pra lá.
Eu só gostaria de saber se as vítimas serão indenizadas ou vai ficar tudo como acontece anualmente na Serra Fluminense…
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.