Os 10 primeiros dias de janeiro
São Paulo, nos dez primeiros dias de janeiro, é mais ou menos o paraíso, ainda mais se comparada com o que foi o mês de dezembro, até a semana do Natal.
Enquanto em dezembro rodar 2 quilômetros levava mais de uma hora, em janeiro é possível atravessar a cidade em meia hora. E as pessoas estão mais calmas. A pressa dá lugar a uma certa boa vontade, não exagerada, mas perceptível, que faz o trânsito fluir com menos ódio no coração e menos sangue nos olhos.
A falta dos marronzinhos não é sentida. Tanto faz ter os bravos agentes nas ruas. Como o fluxo segue mais fluído, a sua ausência pode ser vista até como uma benção, um presente de Deus, uma contrapartida para o que vem pela frente, começando logo depois que as férias acabarem.
Este é o drama, falta pouco para as férias acabarem e o caos retornar à cidade, impondo sua realidade brutal como uma coleira no pescoço dos moradores.
Mais alguns dias, as aulas retornam. As escolas reabrem, as filas duplas ocupam seu lugar, crianças retomam os bancos de trás e vida que segue! O trânsito vai complicar de novo e a velha rotina será a realidade da cidade e de seus moradores que, em poucas semanas, estarão esgotados, sem paciência, presos no trânsito sem um herói para chamar de seu.
Mas hoje ainda é férias. As ruas já não estão tão boas como estavam no começo do mês, mas ainda dá tempo de aproveitar o fim de tarde, encostar o carro numa rua calma e seguir em paz para o botequim da esquina, beber um chope gelado com os amigos.
A vida pode ser boa, pode ser muito boa. É só dar dez minutos de sossego que tudo muda de figura, o mau-humor vai embora e tudo fica bom de novo. Pena que esses momentos sejam cada vez mais raros…
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.