A Praça Fagundes
[Crônica de 6 de abril de 2009]
A Praça Fagundes fica atrás do Estádio Municipal do Pacaembu, no começo da subida da Rua Major Natanael. É um triângulo pequeno, que separa as pistas que descem e que sobem, dando rumo para o trânsito da região.
De verdade se chama Praça Fagundes Varella, numa homenagem subdimensionada para o grande poeta brasileiro do século 19. Cada vez que passo por ela me lembro de Lygia Fagundes Telles, a extraordinária escritora dos dias de hoje, e suas histórias maravilhosas sobre seus maiores, da família Fagundes, todos, gente de personalidade forte e passagem marcante pela vida.
Só raramente me cai a ficha que a praça homenageia o poeta, também invariavelmente citado por Lygia, como uma de suas grandes admirações. Mas a Praça Fagundes me lembra a grande contista por outra particularidade: suas paineiras e a florada deslumbrante com que todos os anos elas enfeitam São Paulo.
Mario de Andrade dizia que as paineiras eram a transposição para o reino vegetal do caráter de Alfredo Mesquita. E a descrição é bastante acurada. De novo, que o diga Lygia, grande amiga do teatrólogo, fundador da Escola de Arte Dramática, hoje da USP.
Voltando ao tema, as paineiras da Praça Fagundes, este ano, como quase todas as outras árvores, perderam a noção de timing e floriram antes da hora. Confesso que não sei se isso é bom, ou se tem qualquer influência no cotidiano. De qualquer forma, como sou o primeiro a o fazer, dedico a florada da Praça Fagundes a Lygia Fagundes Telles.
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