Evolução

[Crônica de 8 de abril de 2008]

Durante décadas o São Paulo Clube foi um dos clubes mais fechados da cidade. Agora ele não existe mais. Se transformou na sede de São Paulo do Iate Clube de Santos.

Curiosamente os dois clubes foram fundados pelos mesmos sócios e tiveram como origem o casarão da Avenida Higienópolis, 18. O Iate foi fundado em 1947, na então casa de Jorge Prado, não por acaso a mesma casa que deu origem e foi sede do São Paulo Clube.

Ao longo de quase 50 anos o São Paulo Clube se transformou num símbolo paulistano. Clube complicado, lá era proibido mulheres entrarem de calças compridas e de frequentarem o bar. Também não se servia pinga nos drinques, nem tinha paliteiro nas mesas. Era absolutamente proibido.

Por outro lado, nunca escutei falar de outro clube que tivesse um leão solto no jardim e o São Paulo Clube tinha. Durante muitos anos o Eustáquio, um leão que meu tio Carlão ganhou de algum presidente africano, foi o rei dos jardins.

E o reinado não terminou porque o leão correu atrás de meu pai ou do Dr. Gastão Eduardo Bueno Vidigal. Não, o Eustáquio foi embora depois de matar um cisne que lutou com ele em defesa da “cisna”, que adorava provocar o leão e correr para o lago do jardim. Neste dia o lago estava seco. O cisne morreu e o Eustáquio foi para o Zoológico.

Clube diferente, o São Paulo Clube só tinha bar, restaurante, salão de barbeiro e sauna. E ninguém queria que tivesse mais.

Tinha também uma coleção rara de móveis e objetos antigos. É esta coleção que agora está mais valorizada. Como sede do Iate em São Paulo as portas dos salões foram abertas e a coleção adquiriu outra beleza.

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