Um e-mail inesperado
[Crônica de 25 de julho de 2002]
A internet é uma invenção fantástica que se transformou na maior ferramenta de defesa da humanidade. Com a internet a liberdade do ser humano está garantida, fora do controle de qualquer nação ou tirano, por mais poderoso que seja. A ferramenta para isto é o e-mail, o bom e velho e-mail por onde chegam, em nome da liberdade, dezenas de mensagens inúteis todos os dias.
Mas, se o e-mail serve para te obrigar a perder tempo deletando o que não presta ou o que tem vírus, ele também traz surpresas incríveis, como foi um e-mail com um texto comovente, que eu jamais esperaria receber.
Não, não foi uma corrente, nem voto de bom dia, nem poesia escrita por alguém desconhecido, mas com imensa veia poética, e uma mensagem que não custa nada, com a mais chã de todas as filosofias.
Foi um e-mail enviado por Carlos Alberto Campos Sarmento, que eu não conheço, ou não conhecia até receber o texto, e que mora em Jundiaí e que passava as férias escolares nas fazendas de meu bisavô, em Amparo.
Ele me descobriu por causa do meu artigo sobre a revolução de 32 no Estadão. Daí a me escrever foi um passo. Um passo maravilhoso que me comoveu e comoveu muito mais minha mãe, que se lembrou da infância e da juventude nas fazendas, e se lembrou do tio-avô do Carlos Alberto, que era o administrador de meu bisavô, e da mulher dele, que fazia doces maravilhosos.
Carlos Alberto, você não imagina o bem que você fez, desenterrando da memória as fazendas Palmeiras e Tuiuti, meu bisavô Pádua Salles, meus avós Orlando e Wilma, seu tio avô Alberto Campos.
Com seu e-mail veio uma emoção quente, como um copo de café com leite servido de manhã, no terraço da fazenda, de frente para o lago.
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