20 anos de guerra para voltar ao que era

O estrago feito pela Al Qaeda é muito mais profundo do que o mundo imaginou quando viu as Torres Gêmeas caírem. O estrago físico foi devastador, mas a devastação foi muito além dos mortos e dos danos materiais causados pelas aeronaves colidindo com o World Trade Center.

O ataque terrorista esgarçou a trama moral da nação e os políticos do momento, preocupados em salvar a imagem diante do eleitor, criaram monstros imaginários, ameaças que não existiam, e destruíram a ordem estabelecida em pelo menos dois países, fora o estrago colateral que, em nome de uma hipotética “Primavera Árabe”, arrebentou o mínimo de ordem que mantinha várias outras nações mais ou menos unidas e sob controle.

A derrota americana é total. A comparação entre as fotos de Cabul e Saigon não deixam dúvida. Estão saindo correndo do Afeganistão, como saíram correndo do Vietnam. De novo, sem darem nada em troca.

Vinte anos depois de invadirem o Iraque, arrebentarem um país que, de uma forma ou outra funcionava, e de entrarem Afeganistão a dentro, com a sem-cerimônia que a força bruta permite, os norte-americanos voltam para casa com o rabo entre as pernas e a imagem destroçada ao redor do mundo.

Além das perdas em vidas dos soldados e, principalmente, da população civil, não criaram nada. Ao contrário, deixam mais ódio onde o ódio já era a matéria prima para todas as barbaridades cometidas.

Não há democracia, não há paz, não há melhores condições de vida. O que se vê no Iraque e no Afeganistão é a terra devastada, casas destruídas, a economia parada e gente morrendo de fome, doenças e tiros.

As pessoas de bem que acreditavam na força moral norte-americana para estabilizar o mundo estão apavoradas, a “paz americana” acabou. A fuga e a volta do Talibã enterraram qualquer possibilidade de liderança baseada em princípios morais. Vai ser difícil Hollywood contar essa história.

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