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Carrinho de rolimã

Não tem criança que não saiba mexer em celular, tablet, computador e outras geringonças informatizadas. Faz parte do mundo moderno e, junto com elas, seguem jogos, filmes e penduricalhos e enfeites que de alguma forma alienam as mentes e fecham o coração.

Era impressionante observar, antes da pandemia, a quantidade de crianças acompanhadas de seus pais com a cara metida na tela de uma máquina, completamente fora do mundo que as cerca. O mundo é uma coisa, as redes sociais outra completamente diferente. E o que vale são as redes sociais. O mundo concreto, o sol, a brisa, o dia frio ou quente são meras molduras para a realidade irreal que corre solta na tela.

De alguma forma, alguém vai pagar um preço caro. Uns mais, outros menos, não tem como ser diferente. As máquinas inibem o contato social, as pessoas não se olham nos olhos, as mãos não se encontram, não há gestos de carinho, além da palavra “beijo” abreviada ou uma figurinha representando diferentes intensidades de beijos, abraços e outros carinhos feitos à distância, invariavelmente terminados por um “kkkk”.

É aí que me vem a lembrança dos brinquedos do meu tempo. Vão dizer que é porque estou ficando velho e, provavelmente, é mesmo, mas tem mais uma diferença e ela não é culpa das crianças de hoje, é resultado da evolução do mundo.

No meu tempo, brincávamos na rua, corríamos nos jardins, a vida acontecia nas casas, os apartamentos ainda não eram a regra quase geral.

Entre as bicicletas, bolas de futebol, brincadeiras de mocinho e bandido, os carrinhos de rolimã tinham lugar especial. Descer uma ladeira sentado num carrinho de rolimã era mágico. A tábua com dois eixos com rolimãs nas pontas atingia altas velocidades, ladeiras do Pacaembu abaixo. E o bom era parar dando um cavalo de pau e derrapando no asfalto.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.