Briga das flores

Os ipês cor de rosa chegaram com tudo. Sua florada está deslumbrante. As árvores estão cobertas de flores, em cachos que balançam no vento, convencidos que são os senhores da cidade. Com eles ninguém pode, ou quase.

Este ano não está tão fácil assim. Os ipês cor de rosa descobriram que as sibipirunas decidiram que a festa é delas e não estão dispostas a deixar os ipês nadarem de braçada, como fazem regularmente.

Para segurar no tranco, as sibipirunas floriram intensamente, se cobriram de amarelo e estão como loucas balançando suas copas com as flores no meio delas.

Nem todo mundo sabe que uma sibipiruna é uma sibipiruna, mas elas estão plantadas pela cidade, como herdeiras das tipuanas. São árvores grandes, plantadas décadas atrás, o que as faz maiores ainda, substituindo, por alguma razão desconhecida, as tipuanas, que até então imperavam absolutas nas ruas de São Paulo.

As sibipirunas são mais numerosas do que os ipês cor de rosa. Elas seguem em renques pelas ruas de bairros como Alto de Pinheiros, Pacaembu e Butantã.

Isto lhes dá uma certa vantagem, ainda que os ipês chamem mais a atenção, porque seus cachos cor de rosa são mais fáceis de ver e também são mais impressionantes do que as florezinhas amarelas, misturadas com o verde intenso das copas das sibipirunas.

Mas é uma vantagem relativa. Sendo mais numerosas, as sibipirunas conseguem a escala necessária para fazer seu amarelo brilhar e, como elas são plantadas lado a lado, suas copas se confundem e se misturam, dando a sensação de que as árvores são maiores do que são.

Quem ganha nessa briga somos nós. A cidade está mais bonita.

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