Tua imensa ternura

A rotina de tua vida me desperta uma imensa ternura. Ternura que se espalha pelo meu corpo dando pra alma uma sensação boa, de calor e proximidade, de carinho e de amizade, de amor. De um imenso e profundo amor que se materializa nas situações mais inesperadas, nos momentos mais inusitados, quando parece que o mundo vai acabar.

E é nas horas que parece que o mundo vai acabar que tua ternura tem um papel único, de conforto e de esperança, de certeza que depois da tempestade vem a lua cheia para iluminar um céu que é só nosso, porque ele conhece nossos segredos e divide os dele conosco.

Cada gesto teu tem algo de cósmico e de primitivo, de incomensuravelmente antigo, como se eles revivessem os gestos todos de todas as mulheres, cada uma de seu jeito, colocando neles a força indispensável para teu homem tocar em frente.

A forma como você lava os pratos, o jeito que limpa a pia depois, com suas mãos correndo por ela, com cuidado, quase com carinho; a forma como coloca cada objeto um milímetro para cá ou para lá e a paz de seus olhos examinando a casa, satisfeita com o resultado; tua casa, com cada objeto demarcando um território, um espaço, onde você é a rainha e ninguém abaixo de Deus vai te dizer o que fazer.

Cada detalhe tem a tua marca, o teu encanto, e eu me comovo vendo como você se esmera para fazer cada um deles dizer uma coisa, num diálogo onde as palavras são substituídas pela intenção que dá vida aos móveis, aos enfeites, na luz que passa pelas cortinas.

Tua ternura, seca, se mostra em cada um deles e faz do teu mundo um lugar onde cada ato tem um valor exato, que ultrapassa tua timidez, na falta de limite com quer você se entrega a cada minúcia e se preocupa com cada senão, como se cada um fosse um universo, que você olha com imenso cuidado para não deixá-los se machucar.

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