Nas trevas das ruas
O que será que está por trás das trevas das ruas paulistanas? Não o que está escondido nas ruas e nas suas quebradas, porque isso quase todo mundo sabe que são os assaltantes e os bandidos mixurucas, que precisam das trevas para se esconder e assaltar quem passa perto.
Não o que está escondido no negro mais negro do asfalto, porque isso todo mundo sabe que são os milhares de buracos que o prefeito mandou instalar para marcar o compasso das aulas de dança para crianças carentes e motoristas desavisados.
Não o que costuma se esconder no fundo das trevas, e que representa o mal, porque isso todo mundo sabe que, em São Paulo, hoje, não precisa das trevas, e por isso tão pouco se esconde, por conta da bandalheira que grassa faz tempo, impune pelos corredores do poder municipal.
Mas, as razões que levaram as trevas a tomar conta da cidade, se espalhando por todos os cantos, famosos ou não; por todas a ruas, largas e estreitas; pelos becos e pelas praças, como se a luz elétrica ainda não tivesse sido inventada e a iluminação pública fosse feita com óleo de baleia.
As razões que levaram São Paulo a não ser mais vista do alto, e muito menos do espaço, quem sabe para não servir de alvo para algum ET mal intencionado.
Tudo pode ser, inclusive isso. O medo lógico da cidade servir de guia para os raios maléficos de alguma civilização mais avançada e mais cruel.
Mas pode também ser uma armadilha para pegar os bandidos que no escuro cairão nos buracos, explicando e justificando os próprios buracos como uma medida da maior importância para segurança urbana.
Pode ser tanta coisa, que é melhor não pensar mais no assunto, mas sair correndo para comprar ações das fábricas de pilha na bolsa de valores.
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