Eternamente
Quando o caos dominava o mundo e a palavra ainda não fora dita, eu já te amava. Te amava antes da idade das coisas, em ondas que cortavam o universo, trombando com outras ondas, todas correndo sem sentido e sem ordem, exceto aquela em que estava o meu amor.
Depois, no princípio da ordem, quando a verbo trouxe a luz, eu te amava. Te amava na expansão do meu amor, em círculos concêntricos em direção ao fim do universo.
Eu te amava nas paralelas se encontrando na curva do horizonte, nas estrelas explodindo, nas galáxias se formando.
Eu te amava na energia impressionante da primeira explosão impondo a ordem, e nos aspirais materializando-a, e nos relâmpagos e nos buracos negros devorando a luz e condenando-a a ser treva.
E te amei depois, quando a ordem se estabilizou e o desenho do céu formou as constelações, e os sóis em explosões menores criaram seus próprios universos, com os planetas e suas luas, e os cometas e os asteroides.
Mas te amei mais ainda quando a primeira vida milagrosamente se estabeleceu na terra. Te amei no oxigênio e na água, e na partícula de orvalho que manchou o ar com o seu primeiro sopro.
Meu amor cresceu com a complexidade da vida. Te carregava em mim quando o primeiro homem ficou de pé e se armou com um pedaço de pau.
Te amei antes de paris amar helena, e antes de Menelau, venci minha guerra de Tróia, para te amar mais ainda.
Te amei antes dos grandes amores e mais. Te amei, Jocasta, Medéia, Eurídice. Te amei em todas as formas de mulher.
Finalmente, o encontro se fez e eu te amei; e senti toda a intensidade do meu amor misturado ao teu; e tive certeza de que meu amor era teu…e depois, que o teu amor era meu, como o sol brilha e a lua brilha, um após o outro, completando o ciclo do dia.
Meu amor é teu e teu amor é meu, sem espaço e sem tempo num universo que congrega todos os tempos e todos os espaços… eternamente.
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