A proposta da Crônica da Cidade

[Crônica do dia 11 de abril de 2008]

A proposta da Crônica da Cidade é mostrar o lado bom de São Paulo. O belo, o generoso, o desprendido, o lúdico, o histórico.

O problema é que uma crônica também é um retrato de uma época, o flash de um determinado momento e, aqui, nos últimos tempos, os momentos têm sido tristes, de fazer chorar marmanjo em sessão de cinema.

Vamos bem e vamos muito pior. É contraditório, mas verdadeiro. Por obra e graça do mundo e juízo do Banco Central, a economia vai se saindo bem, ainda que com o mundo às portas de uma bela crise.

De outro lado, nunca a autoestima esteve tão baixa, achacada por escândalos de todos os tipos, bandalheiras de deixar os ladrões do passado com vergonha e uma profunda falta de interesse pela ética permeando as ações em geral.

Político que é político, nos dias de hoje, sente vergonha de ser político com “p” maiúsculo. O que vale é a politicagem mais chã, mais debochada e aí os bons políticos que nós temos, e que tradicionalmente faziam a diferença, vão sendo encostados, como se o que eles representam não valesse mais nada.

Então fica difícil fazer uma crônica alegre, uma crônica que mostre o belo e o lúdico do mundo. Em época de pesadelo transformado em realidade até o Saci sai correndo e a Mula-Sem-Cabeça enterra a cabeça no chão, com medo dos fantasmas reais, que voam dos armários assombrando os brasileiros.

Em época interessante só chinês dá risada, mas não é dele, é da gente, metida no embrulho e sem saber como sair. Em época interessante o melhor é ficar em casa e deixar o tempo correr.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.