No rumo da loucura

[Crônica de 6 de junho de 2006]

Existem várias formas de uma pessoa ficar louca. Algumas boas, outras nem tanto. E algumas verdadeiramente desastrosas, doídas e cruéis, como se pode ver em filmes de todas as origens, porque na vida real elas não acontecem.

Eu estou ficando louco de uma forma deliciosa. Ou melhor, no começo da história tem um programa maravilhoso que meu amigo Salomão Schvartzman me fez assistir 2 domingos atrás, na TV Cultura, e que é causa de eu estar quase louco. 

Ele colocou no ar Yo-Yo Ma, Itzhak Perlman e Daniel Barenboim, tocando com a Filarmônica de Berlim o concerto tríplice para violino, violão-celo e piano de Beethoven.

O concerto é deslumbrante, mas por conta do tempo da TV, Salomão fez a maldade de colocar no ar o primeiro e o terceiro movimentos, deixando os espectadores indóceis para ouvirem o segundo.

Desde segunda feira atrasada eu estou atrás do CD deste concerto com muito pouco sucesso. É por isso que eu estou indo a loucura, ou melhor, ficando louco, o que é diferente, com apoio da Internet e ajuda das lojas que nunca souberam que este concerto foi composto.

Para não falar em algumas lojinhas do centro, das que a gente entra por desespero, que não sabem quem foi Beethoven e para quem Yo-Yo Ma deve ser nome de bicho de estimação exótico, ou cantor country japonês.

Meu querido Salomão. Eu sei que a tortura é uma forma de exercer poder e que o ser humano gosta de sentir poderoso, mas como você é um homem inteligente, você não precisa disto. Então, no rodapé da tela, peça para escreverem onde a gente acha os CD’s com as maravilhas que você nos dá, como contraponto para a miséria da televisão nos domingos.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.