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O Brasil queima e o governo se diverte

O Brasil queima do sudeste ao norte num ritmo avassaladoramente rápido. Em poucos dias, milhares de hectares somem, devorados pelas chamas. Poucos dias depois, outros milhares de hectares também são devorados pelas chamas. E assim sucessivamente, numa escalada que pelo jeito só terá fim quando as chuvas decidirem voltar. 

O contraponto não é melhor. Enquanto o país queima, a Amazônia experimenta uma seca inédita, que já deixou para trás as marcas alcançadas no ano passado, quando a maior seca da história se abateu sobre a região.

A prova de que a situação é séria pode ser vista na chuva negra, chuva de fuligem de origem amazônica, que caiu em Porto Alegre. Mas é mais sério ainda na cor do céu, acinzentado e capaz de impedir os raios do sol, carregado de poluição causada pela fumaça somada aos poluentes normais.

Os níveis de umidade são comparáveis aos do deserto do Saara, com todas as consequências desastrosas que podem trazer para a saúde do ser humano. E não há nada que indique que devam sofrer grandes alterações antes do mês de outubro. Isso se você for otimista, pode ser que demore mais.

Tem gente que diz que os incêndios são todos criminosos. Me parece um certo exagero. Sem dúvida tem gente completamente imbecil que toca fogo no pasto, mas dizer que um imbecil é necessariamente um criminoso é dizer que todos os gatos são pardos.

Mas falta alguém nesta crônica. Com todos os desastres que se abatem sobre o país, ninguém ouviu o Governo Federal falar que está fazendo alguma coisa para valer. Ao contrário, além da Ministra do Meio Ambiente dizer que o Pantanal pode desaparecer, a marca oficial é o silencio. 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.