O sucesso depende dos bueiros
As chuvas estão aí. Chamadas de chuvas de verão, elas começaram a entrar em cena antes da hora, prometendo danos de todos os tipos pelo país inteiro. São Paulo não vai escapar. Afinal de contas, nunca escapa. Por que este ano seria diferente?
Pode mais quem chora menos. As chuvas podem mais, mas também choram mais e suas lágrimas e gotas de todos os tamanhos maltratam a cidade, inundam, alagam, escorrem, desmoronam morros, batem de frente nas ruas e avenidas, arrastam carros, derrubam casas, destroem o que tem dentro das que não caem e por aí vai, numa triste sinfonia que, com sorte, acaba em março.
Não há muito que possa ser feito, até porque o que já foi feito colabora para piorar o quadro. A impermeabilização da cidade é concreta, a água não tem com entranhar na terra, o asfalto não deixa, o concreto não deixa, os bueiros entupidos não dão conta do recado.
É aí que a vaca torce o rabo e a porca vai pro brejo. Os bueiros ajudam, não impedem o estrago, até porque não controlam as chuvas, mas, se estiverem limpos, permitem que as águas encontrem seu caminho e sigam por debaixo da terra até os escoadouros, onde voltam para os rios ou, antes, enchem os piscinões.
Diz a lenda que bueiro limpo é menos inundação. É verdade. Toda vez que os bueiros são limpos na época das chuvas, as enchentes até podem ser poderosas, mas escorrem rapidamente, evitando danos maiores.
Todo mundo sabe que tem situações que os bueiros não dão conta. Nem eles, nem ninguém. Quando o tempo entra, entra e não tem remédio. O estrago é certo. É só olhar o Rio Grande do Sul.
Mas, em condições normais, bueiros limpos significam uma chance a mais para quem mora naquele pedaço. Vamos em frente porque vai chover.
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