Um inferno chamado helicóptero
[Crônica de 19 de outubro de 2009]
Só quem já ouviu um deles zumbindo em cima da cabeça sabe o que significa. Há muito pouca coisa pior do que um helicóptero voando baixo, passando em cima da sua casa, ou do seu local de trabalho. Com certeza, um helicóptero num campo de batalha, com as metralhadoras rotatórias atirando e mísseis sendo lançados cria um inferno maior do que o barulho dos helicópteros comuns.
Mas o Brasil é um país pacífico e não consta que os traficantes paulistas detenham a mesma tecnologia de seus parceiros cariocas. Assim, é pouco provável que a guerra entre policiais e bandidos atinja os céus da capital. É neste cenário que o barulho infernal dos helicópteros de passeio precisa ser analisado.
Ninguém merece, desde manhã cedo, ficar com o som alucinante dos motores destas simpáticas máquinas matraqueando em sua cabeça. Nem mesmo os pecadores graves, os contumazes praticantes de atos contra Deus e a moral merecem castigo de tal dimensão.
Se merecessem, Dante teria criado um círculo onde o barulho fosse a principal tortura. E seu inferno não tem este círculo. Parece que a prefeitura vai agir novamente. Se for ação com a eficácia da lei cidade limpa, tudo bem, será muito bem-vinda, especialmente pelas vítimas indefesas do massacre causado pelos rotores dos monstros voadoras.
Caso contrário, sobra entrarmos em contato com a Coréia do Norte e adquirirmos grande quantidade de mísseis antiaéreos de qualquer geração. Eles seriam distribuídos aos presidentes e diretores de associações de bairro para serem usados em nome da paz comum.
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