Viagem no tempo

Acordei com o hino do Colégio Dante Alighieri na cabeça. Pode parecer loucura, mas eu estava cantando a música de muitos anos atrás:

“Do Dante Alighieri sairão os mais valorosos pioneiros que pela taba espalharão…” Os versos do Maestro Salvador Calia estavam vivos, e a lembrança do antigo professor de música me encheu de ternura pelo mestre que me fazia solfejar e depois somava todas as minhas notas baixas para dar uma nota alta no meu boletim.

Estudei no Dante Alighieri do primeiro ano primário até entrar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Foi uma época inesquecível e, hoje, com mais de setenta anos de idade, me lembro dela com carinho e saudades.

Saudades do professor Demo, que me protegia, inclusive de sua mulher professora Zelinda, que dava aulas de italiano e francês. Saudades de Dona Cinira, a secretária do ginásio. Do professor Eneias, o diretor do ginásio, do professor Porta, diretor de bitola larga.

E como esquecer o Marino, que tocava o sino, anunciando as aulas e o recreio, ou vigilante Natalino? Como esquecer uma história tão comprida e tão bonita? Como esquecer colegas como o Mario Eugênio Frujuelli, o Fábio de Cápua, o Edgardo, o Manduca, o Eduardo Scarpa, o Domingos Refinetti, a Bia Helena, a Teieta, e os primos, Julinho, Noca, Sérgio, Vera Helena e Maiá?

Foi uma época boa, a vida corria fácil e o colégio era o colégio, difícil, puxado, duro, com disciplina rígida, hino nacional no pátio, às sextas-feiras, e visitas a Casa de Detenção e a fábrica de sorvetes Kibon. Foi muito bom.

No primário tive notas altas, depois, do ginásio em diante, fui um aluno mediano, com nota para passar de ano, advertências, suspensões, segunda época e o mais que faz a vida de um aluno ser uma aventura muito gostosa.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.