Bateria de escola de samba
Se tem alguma coisa difícil no mundo, com certeza é colocar a bateria de uma escola de samba para tocar.
São centenas de pessoas, com centenas de instrumentos, que precisam tocar no mesmo ritmo, na mesma velocidade e afinada.
Para se ter uma ideia da dificuldade da tarefa, a melhor coisa é assistir uma das bandas que ensaiam nos finais de semana na Cidade Universitária. São poucos participantes e, até todos se acertarem, leva um tempão.
Imagine a escola entrando no Sambódromo. Na frente, a comissão de frente, depois, o carro abre-alas e, sucessivamente, toda a evolução até a retaguarda, onde está o puxador do samba e os cantores que o acompanham cantando a música do desfile.
A bateria não fica na frente, nem no fim. Fica no meio e tem que tocar caminhando, com instrumentos de diferentes tipos, grandes e pequenos, carregados pelos músicos marchando em forma, em linha, como soldados num desfile.
Imagine trezentos ou quatrocentos músicos tocando juntos a mesma música, no mesmo tempo, mantendo a afinação, a cadência e a alegria que se espera deles.
Imagine esta massa de gente entrar e sair da baia onde a bateria fica boa parte do desfile, tocando sem parar, sem errar, sem alteração, enquanto a escola evolui, passando por ela.
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O som da bateria de uma escola de samba é único, treme a terra, se propaga pelo asfalto, se espalha pela escola, sobe para o público, arrepia, faz chorar, rir e cantar, tudo ao mesmo tempo.
Comandar a bateria de uma escola de samba é mais complexo do que lançar aviões de um porta-aviões. É uma experiência única, que apenas alguns escolhidos têm a oportunidade de viver.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h