Termômetro de precisão
A sociedade brasileira está adrenalinada, com a sensibilidade a flor da pele, e as certezas sobre as outras certezas tirando faísca de pedra na beira da estrada.
É impressionante como perdemos a amabilidade e as boas maneiras. Agora é no coice, ou no berro, e tem gente que quer que seja na bala.
Já acabou mal. Para mudar o quadro serão necessárias duas ou três gerações, e isso se começar rápido.
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É verdade, o quadro não é brasileiro, os tiroteios nos Estados Unidos, os quebra-quebras na França, as dificuldades para o BREXIT, na Grã-Bretanha, mostram que o mundo enlouqueceu e que não tem jeito, nem chance de mudar o quadro, pelo menos enquanto as coisas prosseguirem como vão.
Mas eles para mim são problemas deles. Como dizia o grande filósofo William Scott Pitt em sua magistral aula sobre a solidariedade humana: “você pra mim é problema seu”.
Pois é, nunca o Brasil levou o filósofo tão a sério como nos dias de hoje. Ninguém olha para o lado, ninguém pede licença, ninguém dá bom dia.
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É cada um por si e o diabo por todos, com o forte auxílio dos marronzinhos da CET que montam o cenário ideal para as coisas desandarem várias vezes por dia.
É no trânsito que a temperatura nacional pode ser medida com precisão. As cenas de violência, intolerância falta de paciência e solidariedade são assustadoras, para não dizer apavorantes.
Quem trafega pelas marginais no final do dia sabe o que isso quer dizer. O trânsito se arrasta quase parado, mas se alguém quer mudar de faixa não consegue, ou porque as motos não deixam, ou porque o motorista ao lado joga seu carro em cima.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.