Jacarandá mimoso
A vida não para, o tempo não para, as emoções não param. É assim porque é assim. Se fosse de outro jeito, não seria assim. Como não é, então está tudo certo. Bola pra frente que atrás vem gente.
Os ipês vieram, viram e se foram. Agora é o momento dos jacarandás mimosos. Os jacarandás mimosos são tão especiais que as ruas de Lisboa os têm, como se fossem árvores europeias e não dignas representantes da flora latino-americana.
Aqui eles florescem agora. É seu momento, a chance de mostrarem que brilham no mundo das árvores que enfeitam a cidade.
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Os jacarandás são uma família de árvores muito complicadas. Como sabem que são especiais, que brilham nas salas mais importantes do mundo e em algumas ruas exclusivas, são difíceis, fazem charme, dizem que vão e não vão.
Em São Paulo, os jacarandás se espalham pelas matas e pelas ruas, alguns com mais de três mil anos de idade e outros muito mais novos, todos conscientes de seus deveres e de que, antes de se ter direitos, há que se ter obrigações.
Os jacarandás não são a favor, nem contra nossa Constituição, apenas gostam de entregar o que combinam, na hora e local aprazado. Por isso, antes da diversão, vem a obrigação e ela é simples: entregar a florada na hora certa, com o roxo de suas flores manchando o céu de primavera.
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E eles estão fazendo isso com a dignidade que seu número muito menor do que o dos ipês permite. Não são todas as ruas que têm jacarandás plantados nas calçadas. Nem todas as praças.
Mas eles surgem onde não se espera e dão seu show de beleza e encantamento saindo de trás de outras árvores que os escondem, para explodirem nas flores roxas que enfeitam algumas ruas de Higienópolis.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.