Que tal um Natal mais quente?
Há mais de sete mil anos o ser humano comemora o solstício de inverno. Com a chegada do Cristo, a data foi marcada no dia 25 de dezembro, criando um dia para a reflexão, a compreensão do que foi feito, o que demos, o que recebemos, qual o resultado da conta.
Seria um dia de paz, de silêncio introspectivo, de meditação, de testa franzida, de cabeça balançando para os lados e para frente e para trás, dependendo da ideia que atravessa a mente e vai fundo no fundo da alma, e bate no coração.
Seria, mas não tem sido. Algo mudou e transformou o período de festa e reencontro pelo renascimento da vida em outro momento, bruto, sem paciência, sem boa vontade, com a raiva e a exasperação substituindo o gesto calmo, a mão estendida, os olhos nos olhos.
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Está profundamente errado. Não é para ser assim. A festa do sol, a festa da luz, o nascimento da criança divina que redime os pecados, que zera os erros, não deve ser comemorado com ranger de dentes, mas com um sorriso na boca e alegria na alma.
Com festa no coração, com vontade de dar e receber, de aceitar o próximo, de se aproximar do próximo como se o próximo sempre estivesse estado próximo, como se fosse parte importante de nossa vida.
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O que mudou? Por que mudou? Não sei. E duvido que alguém tenha a resposta, até porque todas as respostas servem para explicar o que está errado, mas nenhuma justifica o fazermos errado e insistirmos no erro.
As coisas são como são, a vida é como é. Um ano é melhor, outro é pior, mas, se olharmos em volta, veremos sempre um motivo para agradecer.
Todo dia o sol nasce e ilumina a terra, ilumina a vida, nos dá a chance de sermos melhores. Mas tem um dia, ou melhor, uma noite, em que podemos ser melhores ainda. Está em nós não perder a chance.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.