É hora de recarregar as baterias
O ano novo está aí. É tocar em frente porque atrás vem gente e não podermos baixar a bola até dezembro, ainda perdido na névoa da distância de 360 dias pela frente.
Fazer isso não é fácil. Cansa, dá trabalho, exige imaginação, braço forte e rumo seguro. Sem sorte também não se vai muito longe. Então um pouco de sorte e muita saúde fazem parte do pacote.
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Mas tem mais o que precisa ser levado em conta. As baterias estão descarregadas. O ano passado foi duro, mais duro do que a média, então as baterias também se descarregaram mais.
Para começar outra vez é preciso recarregá-las. É preciso achar uma fonte limpa e potente de energia renovável.
É preciso ter os cabos bem conectados. Ligados na tomada, com conversor de alta tensão, revisão em dia e extintores especiais colocados próximos.
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O risco de curto-circuito é grande. Afinal, quando as baterias se descarregam da forma como se descarregaram ao longo de 2019, as chances de alguma coisa dar errado durante a recarga crescem exponencialmente, levadas a limites quase insuportáveis pelo cansaço que chega junto, pela falta de paciência, pela vontade de mandar tudo para os ares, explodir o campo, descer da vida e ficar encostado num barranco vendo a caravana passar.
É hora de encontrar alguns poucos momentos de paz, de se sentar num banco velho, encostado numa árvore mais velha ainda e ver o por do sol descer lentamente, como se fosse a coisa mais importante do dia.
É hora de não fazer nada que não se queira fazer, que o movimento seja belo, bom e bonito. É hora de recarregar as baterias, respirar fundo e recomeçar. Quem fica parado é poste, quem anda de lado é caranguejo.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.