A cidade vazia
É muito estranho ver São Paulo em tempos de pandemia. A cidade está vazia, o trânsito melhor do que nos dias de férias e, no entanto, o clima é triste.
O sol brilhando esplendoroso no céu aquece o asfalto, mas não aquece a alma. A cidade não está vazia porque gosta, está vazia porque não tem segunda opção. Ou esvazia, ou esvazia, sob risco do estrago ser muito maior e a epidemia do coronavírus se transformar em grande calamidade, dessas para serem lembradas no futuro, como a gripe espanhola.
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Não poderia ser diferente. O mundo todo está debaixo do ataque do vírus. Quase todos os países estão fechados, as fronteiras da Europa, que por décadas ficaram escancaradas, parecem as fronteiras nos tempos da Segunda Guerra Mundial.
A economia rasteja, impulsionada por um último sopro de vontade que não deixa o comércio morrer, mas os números são fracos em todas as partes e a recessão aparece no horizonte como uma certeza que vai custar caro para várias nações.
O Brasil não é diferente. A pandemia pegou forte. E as medidas adotadas são as únicas capazes de evitar um completo colapso da rede de assistência à saúde.
Tanto faz gostar ou não gostar, não tem nada diferente que possa ser feito. É ficar em casa, se encolher, se esconder, ter o mínimo de contato humano e, se tiver que sair, voltar o mais rápido possível.
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Aproveite para ler, para atualizar os filmes que não foram vistos, pensar na vida e em tudo que você fazia antes. Será que vale a pena manter os antigos hábitos, depois que a pandemia permitir que as portas sejam de novo abertas? Ou será que vamos mudar, porque as pessoas redescobriram os valores básicos e importantes para nos fazer felizes?
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.