Concerto surpresa

A pandemia do coronavírus vai mostrando o que o mundo tem de pior, mas também mostra o que temos de melhor, o que diferencia o ser humano.

Se, de um lado, temos barbaridades ditas e praticadas por gente sem noção, seja lá do que for, além do próprio umbigo, de outro, temos as pessoas anônimas, os milhares de trabalhadores ligados à saúde, que saem de casa todos os dias, sem alarde, sem bandeira nacional, sem gritarem que são e que fazem e acontecem, para combater a covid19, que ceifa a vida de milhares de pessoas que não fizeram nada para merecer a morte.

Leia também: Músicas para São Paulo

As histórias de heroísmo se multiplicam em todos os hospitais do país. Mas não são apenas histórias relacionadas ao coronavírus. Não é porque a pandemia chegou que as outras doenças tiraram férias, nem os acidentes deram um refresco. A dengue corre solta pelo interior de São Paulo e a epidemia de gripe cobra sua cota de vidas regularmente, agradecida ao coronavírus, que a ajuda em sua obra sinistra.

Numa manhã como as demais, de repente, o movimento em frente da capela da Santa Casa de São Paulo chama a atenção dos colaboradores e pacientes e acompanhantes. As portas da capela, fechadas desde o começo da epidemia estão abertas e na sua frente pessoas trabalham e os técnicos da TV Gazeta e da Santa Casa montam suas câmaras.

Leia também: Música irlandesa

Então, o tenor Jorge Durian canta seu presente, seu agradecimento, aos colaboradores da Santa Casa. Para evitar a aglomeração, o concerto não fora anunciado. Seria gravado e colocado nas redes da Santa Casa. Mas, ouvindo a voz poderosa cantando músicas deslumbrantes, as pessoas foram chegando. E Jorge Durian e seu violinista, Tiago Cossa, encantaram os que tiveram a sorte de estar lá.

Jorge Durian contraiu a covid19 e sobreviveu sem necessidade de ser entubado. O pequeno concerto foi seu obrigado por estar vivo e cantando.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.