O lado bonito da pandemia
O coronavírus trouxe a morte, a tristeza, o feio, o mal feito e a falta de comprometimento com mais de um milhão de pessoas que contraíram a covid19 e sessenta mil que morreram atingidos pela pandemia.
Enquanto governadores e prefeitos se mobilizaram para dar um rumo menos devastador à pandemia, o Governo Federal, capitaneado pelo Presidente, fez o oposto. O resultado é a pandemia comer solta interior a dentro e as capitais seguirem na toada de mortes, iniciada três meses atrás.
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O isolamento social foi para o saco; as cidades brasileiras vão em frente como se fosse carnaval, com as ruas lotadas; transporte público sem qualquer fiscalização para obrigar seu funcionamento dentro dos critérios de lotação; as lojas desrespeitam os horários de funcionamento e a população parece que se diverte, como se fosse feriado nacional.
No mundo real, pessoas morrem, pessoas perdem o emprego, empresas fecham, a miséria chega com força, jogando milhares de cidadãos para o fundo do poço, para a falta de esperança.
Mas o mundo real tem um lado novo, bonito e só percebido depois da instalação da pandemia. A solidariedade passou a fazer parte do vocabulário e das ações dos brasileiros.
O Brooklin tem um grupo de WhatsApp criado para os moradores se auxiliarem e enfrentarem a pandemia. Foi nesse grupo que surgiu a mensagem: “ajudem esta loja com cinquenta anos de idade não falir”.
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Era um grito de socorro. Digno, humano, quase desesperado, mas não subserviente. Quem escrevia era um senhor dono de uma loja de plantas tradicional no bairro. Não houve tumulto, não houve gritaria, não houve convocação do rádio ou da TV. No dia seguinte, e no seguinte, e no seguinte, uma longa fila se formou na porta da loja. Eram os moradores do Brooklin fazendo sua parte para evitar mais uma falência e manter o bairro vivo.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.