Deus tenha piedade do Líbano
Minha compaixão, meu pensamento e meu abraço mais apertado para o povo do Líbano, brutalmente atingido por mais um drama capaz de horrorizar e amolecer o coração mais duro.
A explosão que destruiu o porto de Beirute pode ser comparada à queda das Torres Gêmeas. Foi impressionante, apavorante e a nuvem de fumaça, pó e fuligem que se levantou da terra deu uma pequena ideia do que será o dia do juízo final.
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O Líbano não merecia mais esta tragédia. O povo libanês não merecia mais este sofrimento, a dor da perda dos parentes e amigos, a dor dos ferimentos, a dor de ver a ferida aberta na cidade transformada em ruínas.
Terra de maravilhas, de árvores e florestas, de clima variado e cenários maravilhosos, o Líbano, desde os textos mais antigos, sempre foi uma terra de fartura, um lugar com que as pessoas sonham quando pensam nas delícias da vida.
Durante muitos anos, Beirute foi considerada a capital cultural do Oriente Médio. A cidade era rica, opulenta, civilizada e sabia disso. Sabia que estava no imaginário das pessoas como a terra de riqueza e fartura com que todos sonham.
Mas a política e a cobiça mudaram o cenário. Por décadas, o Líbano foi joguete de potências regionais e um peão no jogo internacional.
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Destruíram Beirute, mas não destruíram o sonho de um povo corajoso, altivo e que não se entrega. O libanês é forte, segue sua jornada com a esperança que Deus lhe deu e faz o melhor possível dentro da tragédia que insiste em não deixar o país e que ganha novo capítulo.
A explosão no porto de Beirute expõe as mazelas da humanidade, mas, mais do que tudo, mostra que é hora de baixar a bola e esfriar a água. Minha solidariedade e compaixão pelo Líbano e meu temor pelo mundo.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.