Os pernilongos reconquistam seu império
Não é verdade que São Paulo é dos paulistas. São Paulo é dos pernilongos. E se alguém tem dúvida é só chegar na região do Rio Pinheiros e sentir na pele a sangria desatada da picada dos mosquitos.
Nada de novo debaixo do sol. Faz tempo que é assim. Para não voltar muito, na década de 1990, quando o prefeito era Paulo Maluf, os pernilongos já eram os donos do pedaço. Tanto é verdade que na época fizeram um acordo com o imperador dos jacarés para tomar a prefeitura do prefeito. Foi a última vez que os sauros andaram por aqui.
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De Maluf para cá, os pernilongos se impuseram a todos os prefeitos, com uma única exceção: João Dória. Não me perguntem qual o segredo do atual governador, mas, num passe de mágica, quando ele era prefeito, ele deu um jeito nos mosquitos infernais.
No mais, à esquerda, à direita, em cima, embaixo, tanto faz como e porquê, os pernilongos deram as cartas.
Agora não é novidade. Eles estão aí, neste ano de pandemia, entrando em cena mais cedo, mas deixando claro que vieram para ficar. E ainda estamos em setembro.
Não sei o que pode ser feito, mas sei que até agora ainda fizeram pouco. Parece que o prefeito perguntou para o governador qual foi a fórmula usada alguns anos atrás para reaplicá-la o mais rapidamente possível e mostrar controle sobre a cidade.
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Nesta vida, pode mais quem chora menos. Até os animais estão ficando loucos com o ataque dos pernilongos, o que mostra que os mosquitos estão se sentindo acima do bem e do mal, donos da cocada doce e com poder de fogo para se manterem por muito tempo, para desespero da população. Mas eu tenho fé. Se o prefeito deu conta de atender a população no mais duro da pandemia, com certeza vai dar um jeito nos pernilongos. E já tem umas peruinhas fumegando as ruas.
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