Uma vergonha nacional
No Brasil, quase oitenta por cento das crianças entre zero e quatorze anos vivem em domicílios de baixa renda, pobreza e extrema-pobreza. É um dado que deveria nos envergonhar. E, o que é mais grave, compromete o futuro da nação.
O Brasil é um país contraditório, rico em termos absolutos e muito pobre em termos individuais. As razões para isso passam por equívocos, bandalheira, demagogia, nepotismo, mas principalmente falta de políticas de inserção social, falta de saúde e falta de educação.
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Quem sabe, o dado mais trágico seja a mortalidade infantil, na casa de cinquenta e seis mortos para cada cem mil nascidos vivos. Estamos vinte e três pontos percentuais acima da meta oficial de redução estipulada pelo governo, que projeta trinta mortes por cem mil nascidos vivos.
E, nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, com respectivamente setenta e dois, sessenta e dois e sessenta e um mortos para cem mil nascidos vivos, a realidade é mais do que o dobro da meta proposta.
Se você acha que o quadro está ruim, ficará pior: setenta por cento das crianças entre zero e três anos de idade não têm acesso a creches, dificultando ainda mais a vida das famílias que mal têm recursos para garantir a alimentação das crianças, que, no mundo ideal, deveria ser fornecida pelas creches inexistentes.
E, se quer mais, tem: dos sessenta mil homicídios dolosos registrados no país em 2018, dez mil foram praticados contra crianças e adolescentes até dezenove anos.
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Se o Brasil pretende ser uma nação rica e oferecer boas condições de vida para a população, já passou a hora de começar a mudar o quadro. O duro é que o discurso lindo é desmentido pela realidade. Não há nada no horizonte prometendo mais do que mais demagogia.
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