Do outro lado do arco-íris
Diz o conto de fadas que do outro lado do arco-íris tem um pote de ouro. Tem quem acredite em contos de fadas, tem quem não acredite, E aí é como quem acredita em fake news e quem não acredita.
Se você acredita em contos de fadas, do outro lado do arco-íris tem um pote de ouro. Como ninguém conseguiu chegar do outro lado do arco-íris, ou não voltou para contar, pode ser que tenha, como pode ser que não tenha.
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Enquanto a ciência não chegar lá, pode ser que sim, como pode ser que não. É mais ou menos como o mundo estava quando Portugal decidiu tirar a Terra das lendas e se aventurou mar a fora, em suas pequenas caravelas, navegando contra o vento e desafiando os monstros.
De repente, as serpentes marinhas, os peixes que devoravam os navios deram lugar a novas terras, continentes, ilhas maravilhosas, de onde jorraram tesouros e riquezas inimagináveis na Europa daquele tempo.
Quem sabe tanta coisa que ninguém sabe? Pois é. É aí que mora o perigo. Como não se sabe, qualquer afirmação passa a ser verdade e muda até aquilo que se sabe.
É como se o ser humano estivesse ávido por novidades irreais, capazes de espantar o tédio, o medo e a desesperança causada pela pandemia. Tanto faz o quê, desde que esconda a verdade dramática da brutalidade da doença.
É preciso dançar nas praças, entrar de ponta cabeça nos banquetes e nas festas, nas orgias e bacanais, que saudavam todas as impossibilidades trazidas pelas pestes da Idade Média.
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Pancadão, funk, bares abertos, ruas abarrotadas de mulheres com e sem biquíni, muita cloroquina e ozônio adequadamente envasado para entrar pelo lugar certo. Viva a pandemia! Viva o Chico Barrigudo!
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