Inveja mata

Eu tinha uma tia que dizia que não se elogia marido, nem empregado, especialmente para as amigas. É uma verdade profunda e serve de aviso para cada passo da vida. A inveja mata.

Entre os sentimentos bons e ruins que cada um de nós carrega dentro de si, a inveja é o mais terrível, o mais dramático e o mais doído. Invejar é, ainda que sem querer, querer o mal do próximo.

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Nada é mais negativo que a pergunta “por que ele e não eu?”. As vibrações negativas existem e, como as bruxas, são terríveis. Tem quem não acredite em mau olhado, mas, se ele não existisse, os gregos não teriam inventado o olho grego para espantar mau olhado.

Há muitos anos, quando morava numa casa no fundo do Alto de Pinheiros, na frente tinha um gramado. Certa noite, depois de um jantar, uma amiga olhou o gramado, o elogiou e comparou com o seu. Na manhã seguinte, a grama estava seca.

Digam o que quiserem, deem a explicação que quiserem, o fato é que aconteceu e quem viu fui eu. Não é história contada, é história vivida.

Inveja mata grama, mata os sentimentos bons e, na literatura, mata inclusive pessoas.

É um sentimento devastador, faz sofrer quem sente. E o sofrimento é doído, corrói a alma, dá dor no estômago, sangra o coração.

Por que ele e não eu?

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Não tem resposta. Ou melhor, tem: é ele porque tinha que ser ele. Não é você porque não tinha que ser você.
A vida é dura e pega pesado pra todos. Ninguém passa por ela sem sentir pelo menos um baque ou uma pancada.

Quem disser que não ou não entende ou está mentindo. Com inveja o quadro fica muito pior. Fica pior para quem é invejado, mas fica pior ainda para quem sente inveja. Inveja mata.

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