Urubus
Urubu é bicho feio, tem cabelo até no joelho. Gente mais velha vai se lembrar da música e vai concordar que urubu não é paradigma de beleza.
Pelo menos da beleza que coloca os beija-flores nos primeiros lugares, seguidos de aves com plumagens deslumbrantes, como as araras, os cardeais e os periquitos.
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Mas um urubu voando muda tudo. Poucos voos são mais harmoniosos, poéticos, ricos em manobras e bonitos do que o voo do urubu.
Grandes, fortes, resistentes a tiros de carabina calibre 22, os urubus têm papel da maior importância na natureza. Sua ação como aves carniceiras é das mais eficientes formas de controle de pragas e doenças de todos os tipos.
No interior, o voo de um grande número de urubus sobre um determinado lugar significa que algum animal morreu. Tanto faz, vaca, cavalo, ovelha ou animais selvagens, tão logo morrem, atraem bandos de urubus que, em pouco tempo, devoram toda a carne e deixam apenas os ossos brancos lembrando o banquete terminado.
Nas grandes cidades, os urubus gostam dos lixões e seus entornos. A fartura de alimento é tanta que eles não precisam mais voar horas e horas, plainando lentamente, procurando um animal morto para se fartar na carniça. Nas cidades, eles voam por prazer. Sabem onde tem alimento.
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Os urubus são pilotos extremamente competentes. Não só dominam as correntes aéreas e planam como nenhum planador é capaz de fazer, mas dominam as técnicas das manobras, das mais simples às mais complicadas.
Quem passa frequentemente pela ponta da Cidade Universitária sabe o que eu estou dizendo. Ver essas aves pousarem nas luminárias dos postes da ponte é fascinante. Manobra de profissional bem treinado.
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