Não comi goiabas
Já é fevereiro, a safra está no fim, se é que pode se chamar de safra, e eu não comi goiabas no pé. Este ano eu não comi goiabas e provavelmente não vou comer.
Coisas da pandemia ou mais uma das mudanças de rotina causadas pela pandemia. Todos os anos, há muitos anos, em janeiro, durante minhas caminhadas pela USP, eu colho e como goiabas nos pés plantados ao longo da Cidade Universitária.
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A USP tem goiabeiras brancas e vermelhas espalhadas pela sua imensa área. Depois de tanto tempo comendo goiaba em janeiro, algumas eu sei a cor da fruta. Por exemplo, a perto do ponto de ônibus da Raia de Remo é branca. A da pracinha da avenida de trás é vermelha. Outras eu não sei, não lembro e só descubro quando mordo a fruta.
Comer goiabas na USP era um ritual querido e aguardado. Desde dezembro eu caminho examinando as árvores, vendo o progresso dos frutos nas goiabeiras.
Este ano, não teve uma coisa nem outra. Como não posso caminhar na USP não acompanhei o processo de amadurecimento dos frutos, nem comi as goiabas maduras, mordendo a casca, sem saber se dentro tem ou não tem bicho de goiaba.
Também não consegui saber se a praga que ataca as goiabeiras e deixa negros seus frutos se expandiu ou não.
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Assim, não sei se a pandemia tem algum efeito benéfico na vida das goiabeiras, se ajuda a acabar com a praga que há anos vai lentamente se espalhando pelas árvores da Cidade Universitária e que ataca as goiabas, deixando-as negras.
Comer goiaba no pé em janeiro é muito bom. É bom porque é vida ao ar livre. É contato com a natureza. Pena que este ano não teve.
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