Getúlio Peron Salazar Franco

Getúlio Peron Salazar Franco (nome fictício) mora na rua. Não tem casa, não tem apartamento, não tem dormitório, nem acolhimento da prefeitura ou de quem quer que seja. Não tem porque ele não quer.

Getúlio Peron Salazar Franco gosta de morar na rua. Está nessa situação porque quer. Se não quisesse, não estaria. Tem família, tem posses, tem bens que lhe permitiriam viver de outro jeito, mas ele não quer. Quer morar nas ruas e faz isso já faz tempo.

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A decisão foi tomada anos atrás, lúcido e sabendo o que estava fazendo, num momento de absoluta insatisfação e revolta com as regras sociais que o obrigavam a colocar paletó e gravata todos os dias, com chuva ou sol.

Um belo dia, ele não quis. Não se vestiu para trabalhar e como sabia que não lhe permitiriam entrar no escritório da firma, também não foi porque seria perda de tempo.

Não estava disposto a discutir com o porteiro, nem com o segurança que o porteiro chamaria, nem com o superintendente que era seu chefe direto e que seria chamado depois do segurança para explicar-lhe que daquele jeito, sem paletó e gravata, ele não poderia entrar na firma.

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Mas sua decisão foi além. Ele resolveu que não usaria mais paletó e gravata e a consequência lógica foi pedir demissão, o que causou espanto e barulho na família. Como? Ele se demitia porque não queria usar paletó e gravata? Então ele não sabia como o mundo era e as regras para seu funcionamento? Ele, gerente, com carreira exemplar, estava louco? Não, estava de saco cheio!

Participou à família que queria sua liberdade. Andar pelas ruas, dormir nas ruas, enfim, tocar a vida de outro jeito. Participou e fez. Saiu de casa e nunca mais voltou. Mora nas ruas porque quer. Mas é exceção. A maioria não tem opção. Está nas ruas por falta de alternativa.

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