E as sombras se espalham
Quando eu digo “que saudades da Eletropaulo”, não é brincadeira, é saudade mesmo. Sinto falta da incompetência leve da antiga distribuidora. De sua forma quase simpática de deixar a cidade sem luz, pelo menos seu 0800 fingia que estava fazendo alguma coisa e acalmava o povo que ficava no escuro, conformado com a escuridão, sabendo que, de um jeito ou de outro, a turma da Eletropaulo tentaria dar um jeito.
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Quantas e quantas crônicas desceram o pau na Eletropaulo. Cheguei a lançá-la para o troféu da mais incompetente de todas as empresas incompetentes e eles se animaram. Fizeram força, mas baixaram a bola quando perceberam que a CET não entregaria a coroa sem luta.
Mas o mundo gira e a vida roda. A Eletropaulo saiu de cena e entrou para a história, num primeiro momento comemorado, depois cada vez mais pranteado, por mim e por todos que dependem de sua digníssima sucessora. Tenho amigos que moram no Morumbi que postam diariamente as idas e vindas da energia elétrica na região.
E aí me volta a antiga cisma: será que os diretores da distribuidora de energia de São Paulo não estão prontos para inaugurarem uma fábrica de velas?
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Meus amigos enfrentam o inferno na terra como se estivessem pagando seus pecados. Pecados que ninguém sabe se eles cometeram, até porque esse é um campo muito particular e com certeza não cabe a uma concessionária de distribuição de energia se arvorar em árbitro do juízo final e decidir quem paga e quem não paga seus pecados.
É uma vergonha. Uma vergonha e uma vergonha. Mas mais vergonhoso ainda é o Poder Público, o poder concedente, não fazer nada, apesar de não ser segredo o que está acontecendo.
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