A morte de um homem bom
Meu amigo Antonio Carlos Malheiros morreu. Um dos bons desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo, Antonio Carlos Malheiros pode ser descrito de várias formas, desde sua presença no Tribunal e sua importância para a história da corte nas últimas décadas, até seu viés mais bonito: ele era um homem bom.
Não tem como falar de Antonio Carlos Malheiros sem lembrar sua importância como Coordenador da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo. Sem lembrar que foi, por dois mandatos, Presidente da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo e que fez, durante muitos anos, um trabalho maravilhoso com crianças e adolescentes.
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Meu companheiro de Mesa Administrativa da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, nos tornamos amigos há muito tempo e essa amizade foi se solidificando ao longo dos anos, impulsionada pelas visões semelhantes sobre os grandes problemas nacionais, entre eles, a desigualdade social e a necessidade de garantir aos menos favorecidos atendimento social amplo e digno, não como favor, mas como direito deles e obrigação nossa.
Essencialmente, Antonio Carlos Malheiros era um homem bom. A definição é suficiente para dar a dimensão da pessoa. Homem bom é quem sai de casa todos os dias, sem medo de enfrentar a vida, nem suas dificuldades, para retornar de tarde, com a certeza de ter feito bem-feito, trazendo debaixo do braço o pão nosso de casa dia.
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Tenho certeza de que meu amigo, todas as noites, dormia o sono dos justos quando se deitava. Tenho também certeza de que, na manhã seguinte, ao se levantar, agradecia, enquanto se preparava para a nova jornada, não pela glória ou pela fama, mas pela vontade de fazer bem feito.
Grande Malheiros, que a eternidade lhe seja leve.
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