De manhã

De manhã, São Paulo, dependendo do pedaço, nem parece São Paulo. Andando a pé pelas ruas da cidade, perto da marginal do Pinheiros, é possível ver coisas que já não deveriam ser rotina, mas que fazem parte do cotidiano da cidade, como os caminhões que ainda entram pela Valentim Gentil.

A quantidade de pássaros que habita a cidade e que nesta hora voa por cima das casas ou entre as árvores, sós ou em formações curiosas, é impressionante.

São desde grandes garças até pequenos beija-flores. Elas, imponentes, voam aos pares ou em bandos por cima do rio, como em busca de rotas maiores. Eles, solitários, voam agressivamente possessivos, donos de seu pedaço de jardim, onde chupam as flores, sem admitir qualquer rival por perto.

Mas além das garças e dos beija-flores, é comum ver gaviões voando lentamente, planando em cima da USP, como os aviões de observação da primeira guerra mundial.

E voam sabiás, adultos e filhotões, e tico-ticos assanhados perseguindo os mosquitos com movimentos de desenho animado.
Grupos de rolinhas ciscam o chão enquanto enormes bandos de papagaios e periquitos de todos os tipos tomam de assalto as palmeiras, numa algazarra infernal e gostosa de ouvir.

Até os pardais que nos últimos anos andavam meios sumidos por falta de material para seus ninhos, estão de novo voando pelos céus do Butantã, como se nunca tivessem feito outra coisa e conhecessem todos os roteiros.

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