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Força da poesia

O Caderno de Elegias do poeta Santo Souza é poesia com letra maiúscula. Tem a força do verso de Castro Alves, o voo cósmico de Paulo Bomfim, a ternura de Manuel Bandeira e a humanidade de Vinícius de Moraes.

Por isso, eu descobri que a forma certa de ler Santo Souza é em voz alta, declamando seus versos, para entrar na melodia fascinante de um poeta maravilhoso, que toca a alma e os sentidos, com a mesma intensidade.

Cada palavra usada em cada verso tem um peso que vai além do seu significado próprio. Ela se recria em algo maior que a semântica ou a gramática, em ideia, como os símbolos chineses que podem exprimir a composição de um universo num único caractere.

E na sequência dos versos elas se multiplicam em sons pausados, com uma toada especial que lhes dá quase o ritmo dos hinos, como se fossem feitas para marchar, para seguir adiante, com as mãos levando flores para uma saudade inexplicável, perdida em algum lugar do futuro.

Santo Souza é poeta de grandes distâncias, de encontros com monstros e de vitórias sobre eles. Mas é ternamente humano no carinho pela mãe morta, na certeza da melancolia de Deus, no muito pouco que cada um de nós pode fazer diante da vida.

É também, a seu modo, um Sísifo conformado com a obrigação de rolar sua pedra. E por isso a cada passo tenta fazer melhor, dar mais de si, na tarefa sobre-humana a que todos nós somos condenados. A poesia de Santo Souza é o homem em sua luta, ou, melhor, um raio brilhante iluminando a vida em volta.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.