Pacaembu
Eu cresci no Pacaembu, para onde meus pais se mudaram em 1.956. Na época várias ruas do bairro ainda eram de terra, e os terrenos baldios serviam de quartel general para os bandos de meninos que os usavam para esconderijos e campos de batalha, dependendo da situação.
Era uma época em que era fácil atravessar a cidade, o trânsito ainda não era vagamente parecido com o caos atual e a vida permitia que um menino saísse de casa no sábado de manhã, atravessasse o cemitério do Araçá para cortar caminho e pegasse o ônibus na Dr. Arnaldo, para ir para o colégio Dante Alighieri, na alameda Jaú.
Me lembro inclusive de quando a Dr. Arnaldo tinha bonde, como a Paulista e avenida Angélica. O Hospital Emílio Ribas tinha um quintal enorme e o hospital das Clínicas servia de caminho para voltar do colégio.
A rua Teodoro Ramos era uma subida simpática, arborizada, com as casas mais ou menos do mesmo tamanho, todas com os afastamentos exigidos pela Cia. City, que foi quem loteou o pedaço.
Nós morávamos de um lado dela e meus primos do outro, as duas casa dando de frente, enquanto outros primos moravam na rua de cima, fundo com fundo com a casa dos meus primos que moravam na Teodoro Ramos, o que evidentemente servia para encurtar o caminho para a casa deles, subindo pelo telhado da edícula e depois pulando o muro.
Até hoje o Pacaembu é um bairro tranquilo, escondido num dos melhores pedaços da cidade. Perto de tudo, fácil de chegar e de sair, ainda tem ruas sossegadas, onde é possível caminhar com calma. Perto de outras regiões, é uma ilha de paz, mas está longe de ser o que foi 40 anos atrás.
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