O que dizer diante da tragédia?
O que se pode dizer diante da tragédia de Brumadinho? As imagens falam por si e não deixam muito espaço para qualquer sentimento além do horror e da compaixão.
Horror de ver o mar de lama que tomou conta da região passando em cima de tudo e de todos com a indiferença das grandes forças naturais.
Horror diante das cenas apavorantemente humanas das pessoas sendo retiradas do inferno por outras pessoas que arriscaram as próprias vidas na tentativa de redimensionar a devastação causada pelo mar de lama.
Horror pela certeza da morte de centenas de pessoas que não tinham nada com isso e que morreram porque estavam no lugar errado, na hora errada.
Horror diante das histórias de cada sobrevivente e de cada um que perdeu seus entes queridos. O filho que saiu para trabalhar e sumiu. A menina de dezesseis anos que começou a trabalhar na pousada destruída poucos dias antes. O marido desaparecido poucos dias depois do casamento.
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Horror diante da insignificância do ser humano e da facilidade com que somos arrastados e mortos sem qualquer chance de fazer qualquer coisa.
Compaixão diante do desespero de milhares de pessoas atingidas direta ou indiretamente pela tragédia.
Compaixão pelas centenas de mortos. Pelos desparecidos que nunca serão encontrados. Pelas famílias que não poderão enterrar seus mortos.
Compaixão pelos que sobreviveram. Pela insegurança e pelas marcas da vida. Pelos perigos que nos rondam e que estão mais próximos do que imaginamos. Compaixão porque no fundo somos apenas seres humanos.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.
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