Carnaval
De um lado Mariana, de outro, João. Saíram de casa animados, dispostos a entrar na festa, curtir o carnaval, rir, brincar, dançar, pular atrás do trio elétrico, sambando no meio do bloco. Com roupas leves e muita vontade de se divertir.
João não se fantasiou de nada, ou melhor, se fantasiou – como ele mesmo disse – de João. Mariana queria se fantasiar de dançarina de Funk, mas como a grana estava curta, improvisou e – como ela mesma disse – saiu fantasiada de cantora de funk estilizada, com mini short preto e camiseta amarrada na barriga, produzida para deixar sempre um dos ombros de fora.
Nem pensar em ir de carro. Seria difícil arrumar lugar para estacionar. Além disso, beberiam algumas cervejas. Então para quê correr riscos desnecessários, bater ou ser parado numa blitz?
Não, ela foi de Uber e ele de busão. Cada um imaginando a festa, como seria o resto do dia, o que iria rolar, o que seria muito legal, o povo na rua, se espremendo, cantando, gritando, se abraçando, com o “não é, não” na cabeça e respeito no asfalto.
Mais vale o que mais vale, em matéria de absolutamente, nada como não resta a menor dúvida. Mariana e João saíram de casa em busca de seu destino, pra curtir a festa e entrar de corpo e alma na alegria geral, na pulação contagiante.
Você pode se interessar:
João e Mariana não se conheciam. Mariana e João continuam sem se conhecer. Dançaram e pularam a menos de dois metros um do outro, esticaram os braços, gritaram o refrão do trio elétrico, mas não se falaram, não prestaram atenção um no outro. Simplesmente se entregaram ao ritmo da festa, cada um consigo mesmo, como milhares de outras pessoas que estavam próximas, mas continuam sem saber que eles existem.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.
Ouça esse conteúdo: