Você ajuda por egoísmo
Ajudar alguém é ato absolutamente individual. Você ajuda porque quer, não porque o outro precisa.
A necessidade alheia é o argumento, a razão para uso externo, o gesto que te deixa bem na foto. De verdade, você ajudar ou deixar de ajudar é decisão sua e de mais ninguém. O outro não tem nada com isso.
As razões invocadas são invariavelmente as mais nobres, mais abnegadas, mais caridosas, mas são apenas razões para justificar um ato que não é de quem necessita, é de quem atende.
Ninguém dá esmola porque o outro pede. Damos porque queremos.
Duvida? Responda honestamente: você dá esmola para todas as pessoas que você cruza nas ruas e esquinas da cidade? E, se dá, o valor é sempre o mesmo, indistintamente, tanto faz a razão que lhe comova?
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Não. As razões que nos levam a dar esmola ou, em casos mais sérios, a ajudar alguém são essencialmente subjetivas. Nós decidimos, nós escolhemos, nós praticamos o ato, da mesma forma que poderíamos nos negar a participar dele.
As razões reais que nos fazem ajudar o próximo são razões mais próximas de nós do que do próximo. Pode ser reconhecimento, retribuição, lealdade, compra de prestígio, aceitação, etc.
Tanto faz, são todas nossas. O próximo apenas recebe o que queremos fazer para ele ou por ele. Ele é o objeto da ação, não a razão de ser dela. Essa é nossa. Só nós sabemos e invariavelmente não contamos.
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As pessoas se sentem bem fazendo o bem. Tudo bem, nessa premissa, quem se sente bem é quem faz o bem. Se quem recebe o bem vai se sentir bem é outra história, que não é a de quem fez o bem.
Por isso, se ajudar alguém, não espere um muito obrigado ou reconhecimento. Você fez porque quis.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.