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Os bandeirantes e o Brasil

Entre os desconhecimentos, distorções e mentiras deliberadamente introduzidos na escola brasileira, poucos chegam perto da nova leitura dos bandeirantes, ou dos paulistas que, durante 200 anos, vararam o sertão de sul a norte do país, arrancando das matas e dos espanhóis mais de metade do território nacional.

De heróis e símbolos do empreendedorismo do Estado de São Paulo passaram a ser descritos como bárbaros que matavam índios, comiam com as mãos, eram cruéis e perseguiam os padres jesuítas, atacando suas missões para escravizar os convertidos e trazê-los para São Paulo.

A contradição é evidente: se o negócio dos bandeirantes era escravizar os índios e trazê-los para São Paulo, qual o sentido de matá-los?

Além disso, a adição de mais de 4 milhões de quilômetros quadrados ao Brasil não é comentado nestes livros. É como se tivessem caído do céu. Ou como se o tratado de Madri não tivesse simplesmente consolidado o território que os bandeirantes haviam adicionado ao Brasil.

Uma breve leitura sobre as principais bandeiras para descer índios mostra que Raposo Tavares e Fernão Dias trouxeram milhares de índios do sul do Brasil. Vale lembrar que isso só seria possível se os índios preferissem vir com eles a ficarem com os jesuítas. Nenhuma bandeira conseguiria trazer 3 mil índios se eles não aceitassem vir.

Mas, além de lidar com índios, ouro e pedras preciosas, os bandeirantes fizeram muito mais. A colonização da margem esquerda do Rio São Francisco até o Maranhão foi feita por eles. E tiveram participação importante na expulsão dos holandeses da Bahia e de Pernambuco.

Do Rio da Prata à Venezuela, do Atlântico a Cuzco, os bandeirantes vararam o continente, conquistaram terras, abriram caminhos, mapearam os rios, colonizaram o interior. Ah, sim, é verdade: comiam com as mãos.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.