Macau/Cantão
Se alguém te convidar para ir e voltar de Macau a Cantão no mesmo dia, não vá. Fuja! É uma tremenda roubada! Como eu sei? Eu fui.
Pode parecer estranho, mas, apesar de Macau ser território chinês, existe fronteira entre as duas áreas e passar por ela não é fácil, até porque lá ninguém fala nenhuma língua além de Mandarim e Cantonês.
Eu sei que tem quem fale as duas e até ache fácil, mas não é o meu caso, nem dos meus companheiros de viagem, o que nos tomou mais de duas horas para sair de Macau e entrar na China.
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Dentro da China, tudo bem, a viagem seguiu, só que o ônibus em que estávamos não era o paradigma da modernidade e seus bancos estavam longe de serem muito confortáveis, eram no máximo razoáveis.
Cantão é a maior cidade do sul da China. E foi lá que tivemos a oportunidade de ver a China profunda, a China das ruas de comércio popular que transformam a 25 de Março na Place Vendomme e a região do Brás na Oscar Freire.
A coisa é brava. Mas o contraponto entre a cidade moderna e o templo deslumbrante que visitamos antes do mergulho no purgatório é extremamente interessante. De um lado, a arquitetura refinada, com detalhes em ouro; do outro, o comércio popular em sua expressão mais bruta, mais rude.
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As grandes cidades chinesas impressionam. Não tem favelas, são limpas, sem buracos nas ruas, com as calçadas regulares, com parques e amplamente arborizadas.
Cantão não é exceção e vale a visita. O que não compensa é sair de Macau, ir a Cantão e regressar no mesmo dia.
Especialmente se você viajar no ônibus em que viajamos e parar para jantar num restaurante que serve apenas comida chinesa. Voltei vivo, mas, confesso, exausto e com fome.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.