O cardeal voando na USP
Não tenho a menor certeza se existe uma relação entre os fatos. A verdade é que me esqueci de falar da florada das tipuanas. Andando na USP, no Dia de Finados, vi as grandes árvores com suas florezinhas amarelas manchando o verde intenso de suas folhas de primavera e me lembrei que as tipuanas têm lugar especial na vida de São Paulo. Afinal, boa parte de nossas ruas é arborizada com elas.
Minhas homenagens às tipuanas! São árvores mais do que especiais e os renques que margeiam as avenidas da USP são modelos perfeitos para uma tela impressionista.
Quer dizer, são lindos e, em sequência, formam desenhos deslumbrantes que deixam ainda mais bonito o azul do céu de primavera.
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Foi de uma dessas tipuanas que ele voou. Não sei porquê, estava olhando exatamente para ela e pude ver o cardeal, com seu corpo branco e cinza e a cabeça vermelha voando da tipuana na beira da avenida para uma outra árvore no meio do gramado.
Que eu me lembre, foi a primeira vez que vi um cardeal voando na USP. Quero-quero, sabiá, rolinha, bem-te-vi e até gavião são comuns e eu os vejo regularmente. Estão lá, dando sopa para a vida, convencidos do acerto da mudança do interior para a cidade grande.
Cardeal eu nunca tinha visto. Aliás, fazia muitos anos que eu não via um cardeal, nem solto, nem em gaiola.
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Quando era menino e as pessoas tinham pássaros em gaiolas, os cardeais eram comuns. Além disso, voavam soltos pelo interior do Brasil com a sem cerimônia de quem sabe que o céu é dele.
Depois ficaram raros e eu nunca mais vi, nem pensei por onde andavam os cardeais. O cardeal voando na USP me deixou contente. Eles continuam por aí, voando no bem bom de um dia azul de primavera.
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